domingo, 11 de agosto de 2013

SAUDADES DO MEU PAI


Das muitas estórias que meu paizinho me contava, esta aconteceu com ele quando trabalhava no seu oficio de agricultor na extração do óleo da copaíba, desbravando regiões selvagens, ou seja, a mata virgem, antes de vir com a família para a cidade.

Como de costume, neste tipo de trabalho, ele saia pela manhã do tapirí com a lata para colher o óleo, o trado e o facão, entrando na mata virgem e fazendo uma picada para saber retornar ao termino da jornada de trabalho.

No final daquele exaustivo dia, muito cansado, ele como sempre, procurou a picada para retornar ao tapirí e surpreendentemente não conseguiu localizar os pequenos ramos de arvores quebrados que indicam o caminho para o lavrador. Ele procurou não se afligir e tentou de toda maneira localizar a picada sem obter sucesso. Na mata fechada meu paizinho me contou que a noite escurece rapidamente. Como não estava achando o caminho de volta, e já estava escurecendo, ele cortou uns cipós e amarou nos galhos fortes de uma arvore fazendo uma espécie de rede para passar a noite e no dia seguinte tentar achar a picada.

Ele sentou naquela espécie de rede e disse consigo mesmo; “nunca passei a noite no meio da mata, sempre consegui retornar para a cabana, mas hoje vou ter que enfrentar esta situação, por tanto vou fazer minhas orações e esperar esta longa noite passar, pois sei que por mais que eu esteja cansado, dormir sozinho no meio da mata, não é prudente e minha família precisa muito de mim”.

Quem tem conhecimento da vida na roça, sabe dos perigos que uma pessoa perdida na selva enfrenta, principalmente durante a noite.

Meu paizinho, sempre foi um homem de fé inabalável. Ali sozinho, perdido, ele pensou na batalha que um pai enfrenta para levar o pão de cada dia para a família. Pensativo ele fez suas orações e ao terminar, algo de maravilhoso aconteceu.

Ele me disse: “filho, quando eu terminei de rezar, um clarão me veio na cabeça naquele instante e do lugar onde eu estava sentado consegui ver bem próximo de mim, um raminho que eu tinha quebrado de manhã, aquele ramo de arvore era tudo que eu precisava para me situar na mata. Rapidamente desci da arvore, pois ainda havia alguns raios do dia e encontrando o caminho, retornei para o tapirí onde os companheiros já estavam preocupados com minha demora”.

Paizinho querido, agora que o senhor não está mais fisicamente aqui, fico refletindo sobre esta estória e entendo perfeitamente o que o Senhor queria me dizer; e todas as vezes que me sinto perdido no meio desta selva de pedras, tentando encontra uma saída, faço aquela bela oração que o Senhor me ensinou e surge o clarão na minha mente, a tua voz como uma brisa mansa é como aquele ramo de arvore me indicando qual o caminho a seguir.

A fé que me faltar, eu vou sempre buscar no senhor meu paizinho.