Das muitas estórias que meu
paizinho me contava, esta aconteceu com ele quando trabalhava no seu oficio de
agricultor na extração do óleo da copaíba, desbravando regiões selvagens, ou
seja, a mata virgem, antes de vir com a família para a cidade.
Como de costume, neste tipo de
trabalho, ele saia pela manhã do tapirí com a lata para colher o óleo, o trado
e o facão, entrando na mata virgem e fazendo uma picada para saber retornar ao termino
da jornada de trabalho.
No final daquele exaustivo dia,
muito cansado, ele como sempre, procurou a picada para retornar ao tapirí e
surpreendentemente não conseguiu localizar os pequenos ramos de arvores
quebrados que indicam o caminho para o lavrador. Ele procurou não se afligir e
tentou de toda maneira localizar a picada sem obter sucesso. Na mata fechada
meu paizinho me contou que a noite escurece rapidamente. Como não estava
achando o caminho de volta, e já estava escurecendo, ele cortou uns cipós e
amarou nos galhos fortes de uma arvore fazendo uma espécie de rede para passar
a noite e no dia seguinte tentar achar a picada.
Ele sentou naquela espécie de
rede e disse consigo mesmo; “nunca passei a noite no meio da mata, sempre
consegui retornar para a cabana, mas hoje vou ter que enfrentar esta situação,
por tanto vou fazer minhas orações e esperar esta longa noite passar, pois sei
que por mais que eu esteja cansado, dormir sozinho no meio da mata, não é
prudente e minha família precisa muito de mim”.
Quem tem conhecimento da vida na
roça, sabe dos perigos que uma pessoa perdida na selva enfrenta, principalmente
durante a noite.
Meu paizinho, sempre foi um homem
de fé inabalável. Ali sozinho, perdido, ele pensou na batalha que um pai
enfrenta para levar o pão de cada dia para a família. Pensativo ele fez suas
orações e ao terminar, algo de maravilhoso aconteceu.
Ele me disse: “filho, quando eu
terminei de rezar, um clarão me veio na cabeça naquele instante e do lugar onde
eu estava sentado consegui ver bem próximo de mim, um raminho que eu tinha
quebrado de manhã, aquele ramo de arvore era tudo que eu precisava para me
situar na mata. Rapidamente desci da arvore, pois ainda havia alguns raios do
dia e encontrando o caminho, retornei para o tapirí onde os companheiros já
estavam preocupados com minha demora”.
Paizinho querido, agora que o
senhor não está mais fisicamente aqui, fico refletindo sobre esta estória e
entendo perfeitamente o que o Senhor queria me dizer; e todas as vezes que me
sinto perdido no meio desta selva de pedras, tentando encontra uma saída, faço
aquela bela oração que o Senhor me ensinou e surge o clarão na minha mente, a
tua voz como uma brisa mansa é como aquele ramo de arvore me indicando qual o
caminho a seguir.
A fé que me faltar, eu vou sempre buscar no senhor meu paizinho.
A fé que me faltar, eu vou sempre buscar no senhor meu paizinho.